terça-feira, 9 de junho de 2009

o meu avô na guerra da Cabina



O meu avô chama-se Jaime Moura e, quando era mais novo, teve que ir para a Guerra do Ultramar, defender a colónia portuguesa de Angola.Alguns militares embarcaram num navio, em direcção a Angola, no qual ia o meu avô.Ao chegar, o meu avô desembarcou, mais os restantes militares, em Cabinda, num batelão, e daí foi para terra.Ao fim de seis dias após a chegada teve um rebentamento de mina, onde morreu um furriel. Não havendo muitos combates, alguns militares que formavam a companhia em que o meu avô estava trabalhavam nos caminhos velhos, para melhor comodidade.O meu avô dormia numa cama de ferro, a cozinha era ao relento, tinha que comer em marmitas e comunicava com a família por carta.Os militares foram surpreendidos várias noites pelos inimigos, mas não tiveram qualquer problema. Durante dois anos, fez muitas patrulhas, mas não havendo grandes problemas.Ao acabar a comissão, veio para Cabinda, para embarcar e serem substituídos por outros militares.





Vanessa Borronha

Guerra do Ultramar

No dia 27 de Abril de 1970 o meu avô, João Amaro Cajado recrutou-se no batalhão de caçadores número 6, e dois meses depois fez exames de medicina geral no R.S.S em Coimbra. A 1 de Maio de 1971 integrou o R.I.1 (regimento de infantaria 1) para proceder ao embarque no dia 18 de Abril de 1971 no barco (Niassa) hás 14:00h.
















































João Amaro Cajado



































João e um amigo.
Ao fim de 30 dias, nos fins de Maio chega a Nacala onde embarcou de comboio até Nova Freixo, transitando de carro até Marrupa permanecendo aí durante 16 meses. Daqui foi para Guro onde ficou 12 meses.





























Guro
Aqui fazia patrulhas para transporte de alimentos e combustíveis vindos de Vila Peri para Tite com uma distância a




















































João Amaro Cajado
Chegou a Portugal no dia 3 de Agosto de 1973 hás 2:00h ao aeroporto da Portela em direcção ao R.1 para fazer o espólio.




















































Declaração em conforme prestou serviço em Moçambique.

Ivan Dias

Guerra do Ultramar

Neste trabalho foi falar sobre a experiência do meu tio na guerra do Ultramar. É falado na primeira pessoa, porque é ele a contar a história de como foram os dois anos que lá esteve.Fui para o exército em 10/1/1966 para o Curso de Sargentos Milicianos. O Curso mais longo (8 meses), nessa época, porque era para formar Comandos.Embarquei para Angola no navio “Vera Cruz” em Julho de 1967 rumo ao Norte de Angola para um acampamento chamado ”Quiende”, perto de São Salvador do Congo.Aí, a dureza do clima (muito frio na época do Cacimbo e quentíssimo na época do Verão) fez com que, á parte dos perigos de uma guerra de guerrilha que enfrentávamos, tornou-a mais difícil de suportar.A nossa função era patrulhar uma zona (que em superfície era superior á Guiné) a pé e de “Unimog” (carro de transporte militar).Esta zona era uma zona de passagem de guerrilheiros e a nossa função era tentar interceptá-los. Por esse motivo, á nossa chegada ouviam-se o som dos canhões o que nos deixava com algum medo.A 1700 era uma companhia independente, cuja missão era, além de patrulhar, era também dar apoio aos camionistas que traziam os alimentos de Luanda e íamos buscar o correio de São Lavrador.Esta companhia só teve com a bandeira á meia haste com a perda de 2 companheiros.










































Foi uma guerra “inútil", que me roubou a juventude e a milhares de portugueses e da qual não vale a pena falar pois ninguém liga.Só quem lá esteve é que sabe todo o sofrimento e toda a dor e pelo que passámos.Foram 26 meses de sacrifício, longe da família e da civilização.Regressámos de noite porque, na altura haviam boatos de que iam atacar as companhias que regressavam, tendo sido flagelados pelo caminho, não tendo havido mortes.Não vou entrar em pormenores de mortes e emboscadas porque as pessoas não entendem e só quem passou por isso é que pode avaliar o ressentimento por tudo o que se passou.Regressei a Portugal em 29 de Julho de 1969, curiosamente no mesmo barco, só que desta vez com alguns caixões.Ao chegar ao Cais de Alcântara, no meio de milhares de pessoas consegui reconhecer o meu pai … (deixou de relatar por não querer recordar tanta tristeza e tanta perda de amigos).E acaba com lágrimas nos olhos dizendo “Cheguei vivo e inteiro mas nunca mais fui a mesma pessoa.”







Mariana Lisboa

Memórias de um soldado no Ultramar

António Carvalho Marques, o meu tio-avô materno, nasceu na pacata aldeia de Alcains, a 3 de Agosto de 1944. Foi recrutado para a Guerra do Ultramar, a 23 de Abril de 1966, tendo o seu contingente partido de Lisboa com destino ao Ultramar, no paquete Vera Cruz.O meu tio prestou serviço militar, na colónia portuguesa de Moçambique, permanecendo lá vinte e sete meses.O seu contingente era o Batalhão de Caçadores 1889, da Companhia 1553.Em Moçambique, combateu em várias localidades, como Chico Novo, Luatise, Muembe, Tenente Valadim… entre outras. O armamento e o equipamento dos portugueses era inferiores ao dos guerrilheiros, pois estes, a nível de material bélico, eram apoiados pela URSS.No início, matar alguém não fazia parte dos seus planos, mas, para sobreviver, teve que o fazer.No mato, dormiam em cima de pedras ou no chão. Quanto à alimentação, levavam, rações de combate.O meu tio António voltou para Portugal, em Agosto de 1968, são e salvo e com os vários amigos que fizera, no seu coração. O pesadelo da guerra tinha acabado… Mas o trauma pós-guerra ficou.








































O meu tio na Guerra do Ultramar



Fábio Silva

Guerra do Ultramar

“Eram tempos muito difíceis” – disse-me o meu avô. “Tinha 3 filhos pequenos, a avó não trabalhava porque não tinha a quem deixar os filhos pequenos e era difícil para uma mulher trabalhar.”A minha avó disse que antigamente as mulheres estavam mais em casa a tratar dos filhos e do marido. Ela só trabalhou até nascer o segundo filho.Em 1968, com 31 anos, o meu avô foi para França procurar trabalho. Apesar de ter um emprego em Portugal, ganhava-se pouco e precisava de procurar uma melhor vida para a sua família.O meu avô continuou a contar a sua história: “Não tinha passaporte, nem conseguia arranjar e não se podia passar a fronteira sem autorização. Tive que ir a salto.”“Aos saltos?” – perguntei. O meu avô explicou que a salto era atravessar a fronteira pelos campos, onde não existia a possibilidade de serem descobertos pelos polícias.Se fosse descoberto, ia preso. Não havia liberdade e todas as pessoas eram cuidadosamente vigiadas pela polícia.Quando o meu avô chegou a França, sentiu-se um pouco perdido e sozinho, mas uns amigos ajudaram-no a arranjar trabalho e ficou 2 meses em casa deles.













































Café, no centro de Paris – O meu avô, ao centro, com os amigos, com quem viveu 2 meses.







A minha avó ficou com os filhos em Portugal, mas, assim que o meu avô arranjou trabalho e casa, ela foi ter com ele, com um passaporte de turista, que só dava para 3 meses. Depois, quando estava lá, é que arranjou outro.Os filhos ficaram ainda alguns meses em Portugal, mas depois também foram ter com os pais e, mais uma vez, a salto. A minha mãe ainda se lembra de terem ido com um casal desconhecido e andarem muito a pé, por terrenos descampados.“Tinha 7 anos e ia cheia de medo, a pensar que nos iam roubar, mas tinha que tomar conta dos meus irmãos mais novos que choravam muito e queria encontrar depressa o meu pai” – disse a minha mãe. “Ainda bem que agora se pode ir para todo o lado.”No fim de 5 anos, por término do contrato do meu avô e por um bom contrato de trabalho em Portugal, regressaram todos. Foi em Julho de 1973. O 25 de Abril ainda não tinha acontecido.









Margarida

Guerra do Ultramar

O Senhor Adelino esteve na Guerra do Ultramar e contou-me algumas coisas que se passaram lá.







































O senhor Adelino recebeu a carta de aviso, 10 dias antes da partida. Deixou uma mulher com duas filhas, uma com 15 dias e outra com um ano.Apanhou o barco, no cais de Lisboa, a 6 de Julho de 1973, às 11:30 horas, junto de outras 1600 pessoas em cada batalhão e eram 2 batalhões. Levaram 5 dias até á Madeira, onde fizeram escala, para embarcar outra companhia de cerca de 250 homens. Estiveram 2 horas, na Madeira, para a companhia entrar no barco e partiram para a Guiné. Demoraram 8 dias a chegar. No barco, a alimentação não podia ser coisas que se entornassem. Dia sim, dia não, havia pesca, para que os tripulantes se alimentassem, porque quase nunca era carne.No segundo dia de viagem, no barco, tiveram uma instrução de salva-vidas. Ensinaram a pôr o salva-vidas e a salvarem-se se o barco avariasse ou se afundasse.Os que iam no primeiro andar eram os oficiais e os comandantes e, no segundo, eram os furriéis, os segundos sargentos, que eram os que estavam no escritório, e os segundos cabos. No terceiro andar, era onde estava o refeitório e as camas dos tropas. Os dormitórios eram do tamanho do barco e dormiam 3 ou 4 pessoas em camas umas em cima das outras.Durante o dia, descansavam e iam para a varanda do barco a ver o mar e os homens de madrugada a pescarem peixe.Quando chegaram à Guiné, ao avistar terra, atracaram afastados da costa, saíram do barco e foram até terra, por um LDG (barco de guerra). Quando chegaram a terra, foram distribuídos por destacamento e cada destacamento tinha a sua especialidade. O do senhor Adelino era de condutor de carros da tropa. Foram distribuídos por aldeias e vilas. Em Bolama, nos primeiros dias, antes de ir para os estágios, quando estavam a comer, foram atingidos de surpresa pelos “terroristas” com mísseis, em que morreu a primeira vítima. Dormiam em tendas, 4 ou 5 pessoas na mesma tenda, dependia do tamanho da tenda. Quando não estavam em operação e às vezes quando estavam, dormiam em minas (abrigo debaixo do chão) e cabiam 12 pessoas em cada abrigo. Eram 10 abrigos em cada destacamento.Só havia 1 refeição de peixe por semana, quando não estavam em operações.Quando iam para a operação, tinham meia hora para comerem e para tomarem 3 comprimidos com o vinho, para não terem medo da guerra, meia hora para se equiparem e 15 minutos para formar.Saiu de lá, depois de ter guardado os portugueses, na Guiné, depois do 25 de Abril, no dia 7 de Setembro de 1974, num avião 707, até Lisboa.À noite, num papel, escrevia as operações que teve ou tentativas de operações:«Setembro, um ataque à aldeia Formosa7/9/1974 – Ataque a Cobejá, 1 mortoPatrulhamento, um mortoBolama, um morto e 2 feridos16/12/1973 - Operação à mata pronto a matar27/12/1973 – Coluna a fasiu ataque15/1/1974 – Coluna Cojá – 9:23 horas31/1/1974 – Um carro Fiat foi deitado a baixo pelos turros (inimigo)24/2/1974 – ataque conqualifá – 16:00 horas05/3/1974 – ataque conqualifá – 6:00 horas18/3/1974 – ataque conqualifá – 2:30 horas19/3/1974 – ataque conqualifá – 5:00 horas20/3/1974 – ataque conqualifá – 2:25 horas21/3/1974 – ataque congualifá – 14:00 horas24/3/1974 – ataque conqualifá – 12:00 horas31/3/1974 – ataque conqualifá – 5:15 horas29/4/1974 – Revolução em Bissau com população12/5/1974 – Guiné era para ser invadida com 300.000 turras (inimigos), pelo mar, terra e ar. Gritavam “Viva o Spínola”.»
















































































































Ana Patrícia