terça-feira, 9 de junho de 2009

Guerra do Ultramar

Neste trabalho foi falar sobre a experiência do meu tio na guerra do Ultramar. É falado na primeira pessoa, porque é ele a contar a história de como foram os dois anos que lá esteve.Fui para o exército em 10/1/1966 para o Curso de Sargentos Milicianos. O Curso mais longo (8 meses), nessa época, porque era para formar Comandos.Embarquei para Angola no navio “Vera Cruz” em Julho de 1967 rumo ao Norte de Angola para um acampamento chamado ”Quiende”, perto de São Salvador do Congo.Aí, a dureza do clima (muito frio na época do Cacimbo e quentíssimo na época do Verão) fez com que, á parte dos perigos de uma guerra de guerrilha que enfrentávamos, tornou-a mais difícil de suportar.A nossa função era patrulhar uma zona (que em superfície era superior á Guiné) a pé e de “Unimog” (carro de transporte militar).Esta zona era uma zona de passagem de guerrilheiros e a nossa função era tentar interceptá-los. Por esse motivo, á nossa chegada ouviam-se o som dos canhões o que nos deixava com algum medo.A 1700 era uma companhia independente, cuja missão era, além de patrulhar, era também dar apoio aos camionistas que traziam os alimentos de Luanda e íamos buscar o correio de São Lavrador.Esta companhia só teve com a bandeira á meia haste com a perda de 2 companheiros.










































Foi uma guerra “inútil", que me roubou a juventude e a milhares de portugueses e da qual não vale a pena falar pois ninguém liga.Só quem lá esteve é que sabe todo o sofrimento e toda a dor e pelo que passámos.Foram 26 meses de sacrifício, longe da família e da civilização.Regressámos de noite porque, na altura haviam boatos de que iam atacar as companhias que regressavam, tendo sido flagelados pelo caminho, não tendo havido mortes.Não vou entrar em pormenores de mortes e emboscadas porque as pessoas não entendem e só quem passou por isso é que pode avaliar o ressentimento por tudo o que se passou.Regressei a Portugal em 29 de Julho de 1969, curiosamente no mesmo barco, só que desta vez com alguns caixões.Ao chegar ao Cais de Alcântara, no meio de milhares de pessoas consegui reconhecer o meu pai … (deixou de relatar por não querer recordar tanta tristeza e tanta perda de amigos).E acaba com lágrimas nos olhos dizendo “Cheguei vivo e inteiro mas nunca mais fui a mesma pessoa.”







Mariana Lisboa

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